sábado, 15 de janeiro de 2011

Gypsy





Com experiência em diversas áreas da arte de interpretar, Adriana Garambone impressiona pela energia. A atriz, versátil, vai das novelas, como Poder Paralelo (2009), ao mundo dos grandes musicais.

  A atriz protagoniza no teatro Alfa, na capital paulista, o musical Gypsy, ao lado de astros como Totia Meireles, Eduardo Galvão e Renata Ricci. Ela vive Louise, uma moça esquecida pela mãe e que vê novo sentido para sua vida por meio da arte, quando se torna
Gypsy.

Essa é a primeira montagem brasileira para o espetáculo de sucesso na Broadway desde 1959. Leia a entrevista.




  O que acha da versão brasileira para Gypsy? 
Adriana Garambone Sempre achei um espetáculo impossível de montar no Brasil. Complexo, denso e cheio de peculiaridades, achava mesmo muito complicado de estrear aqui. Até que o Charles (Möeller), em uma viagem a Nova York descobriu que os direitos estavam livres aqui pro Brasil e os comprou. Ficamos muito felizes, pois Gypsy é um sonho. Um sonho em conjunto. Foram três anos com a peça na gaveta, captando verba e pensando em tudo para que saísse perfeito.

  O que mais te atraiu em sua personagem? Você teve alguma dificuldade em interpretá-la?
Adriana
A Gypsy me atrai como profissional pela composição de duas em uma. Ela tem seu primeiro momento como a filha esquecida pela mãe, e o segundo, como mulherão, quando entra para o teatro burlesco. Ninguém consegue se despir de si mesmo pra fazer uma personagem, a gente faz com o que tem dentro da gente. Eu me identifico com esses dois lados da Gypsy, nessa mistura de utopias. Gosto tanto da minha vida de atriz, com assédio, holofote e glamour, quanto da minha vida simples, de ficar em casa, jantar com a família... 

   A peça retrata bem a mãe que quer buscar realização por meio da vida das filhas. Esse tema é bem atual... Como você encara essa tendência de mães e pais que decidem pelas crianças que sonhos elas devem ter?                                                   AdrianaA gente vive num mundo em que todo mundo quer ser estrela. Essa situação existe mesmo e tem muita criança que vai ser massacrada com isso, como a minha personagem. Mas também tem muita criança que vai ser feliz por ter esse apoio desde cedo. É uma questão apresentada às mães e espero que o espetáculo ajude de alguma forma a mostrar a linha que divide apoio e incentivo de obstinação e opressão.

   Você sente alguma diferença entre o público de São Paulo e o do Rio de Janeiro?
Adriana
Ah, São Paulo tem mais estrutura para musical. A cidade tem mais gente, mais dinheiro, uma alta rotatividade. O Rio tem praia, natureza, mais programas gratuitos que, na maioria das vezes, ficam como melhor opção de diversão em família. Em São Paulo, o divertimento das pessoas fica mais concentrado em programas noturnos, como ir ao teatro, por exemplo.

    Com esse aumento no número de espetáculos musicais em cartaz, não acha que o público acaba ficando desnorteado?
Adriana
Vejo [esse crescimento da cena de musicais] como algo muito benéfico tanto para a classe artística quanto para o público. Sem falar nos vários empregos que cada uma dessas produções geram.